10 novembro 2005

Parar para reflectir no que está menos bem


Hoje li um pequeno texto que achei por bem publicar no Blog.
É um pequeno retrato do que se passa no nosso País.

Dá para reflectir um pouco.

"Eduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.
Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós
como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros. Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem económica. Onde nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar a alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser "compradas", sem se fazer qualquer exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar-lhe o lugar.
Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão. Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.

Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que nosso país precisa.
Esses defeitos, essa "CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA" congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte... Fico triste. Porque, ainda que Sócrates fosse embora hoje mesmo, o próximo que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, e nem serve Sócrates, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.

Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a nos acontecer: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

EDUARDO PRADO COELHO"


Axé


04 novembro 2005

Poema de Amor

Não resiste em não publicar este pequeno poema de autor que desconheço.
Dedico-o a todos mas principalmente à pessoa que me tem aturado estes últimos anos.

Aqui vai.

Atirê um limão rolando...
À tua linda porta parou...
Depois fiquê pensando...
Será que o cabrão se cansou???


À entrada da tua porta plantê
Um raminho de hortelã!
Gosto de ti, porra!!!
E tu, hãããã???

Subi a um êcaliptre
com o tê retrato na mão
Desencaliptrê-me lá de cima
Malhê com os cornos no chão!!!


Perdi a minha caneta
Lá prós lados da várzea
Se lá fores e a vires....
"Trázea!."

Axé

02 novembro 2005

Gasta o que tens e o que não tens


Começou a época do “gasta o que tens e o que não tens”.
Esta é daquelas épocas do ano que me agrada pouco. É o momento em que as pessoas parecem umas "baratas tontas" atrás do que menos importa para a época. É isso mesmo estou a falar do Natal.
Época em que todos nos deveríamos lembrar dos amigo, da família, dos que mais necessitam, mas não, o que pensam é no presente que vão receber, do presente que vão oferecer. Passam o tempo todo a pensar quanto é que vão gastar com este ou com aquele, isto é, catalogam as pessoas com €, quanto é que elas valem ou quanto é que elas irão valer. Na maior parte das vezes gastam, gastam e gastam tudo o que têm e ainda recorrem ao crédito e quem é que beneficia com tudo isto, o Comércio e as Instituições de Crédito.
Nesta época e durante todo o ano quem deveria beneficiar são os que nos são mais queridos, pois o "Natal é quando o Homem quiser". Então porque esperar por esta época para oferecer um presente que achamos que alguém gostaria?
Muitas vezes esquecemo-nos dos nossos amigos e familiares durante grande parte do ano, por esta ou aquela razão e chegamos a esta época e achamos que quando oferecemos um presente saldamos todas as falhas que tivemos durante esse ano.
Esta é a época mais comercial do ano, em que somos bombardeados por todos os lados, para gastar o nosso € que nos custa tanto a ganhar dia a dia, quando deveríamos parar um pouco para pensar o que fizemos de menos bom e o que fizemos de muito bom. Canalizar todas essas energias que despendemos a correr atrás dos presente para dar atenção a quem merece. As pessoas que nos amam e que nós amamos, o que querem de nós é a nossa atenção durante todo o ano e não um presente “churudo” no dia de Natal. Deixem essas coisas de presente para as crianças, mas não abusem, para que elas saibam dar valor a cada presente que recebem. Quanto aos adultos porque não oferecer uma pequena lembrança simbólica juntamente com um grande abraço.

Axé