21 setembro 2007

Seu Jorge - Bio

Salve Jorge!
Seu Jorge é como um personagem popular: pode ser seu mecânico, seu amigo, seu parceiro, seu Jorge. O apelido, ele ganhou do amigo Marcelo Yuka, baterista do grupo O Rappa. Carioca, flamenguista, devoto de São Jorge e filho de Oxossi e apadrinhado por Ogum, Seu Jorge é sambista e brasileiro. Ídolos, diz ter muitos. A começar pelas "instituições do samba": Nelson Cavaquinho e a Estação Primeira da Mangueira. Na sequência, Romário, Steve Wonder e "nosso ministro do samba" Zeca Pagodinho. Mesmo que mangueirense de coração, não dispensa a camiseta azul da Portela, "o manto azul da Padroeira do Brasil".
Mas essa história começa lá em 1970 quando, no dia 8 de junho, nasceu Jorge Mário da Silva, o primeiro filho de dona Sula e de seu Jorge, moradores de uma casinha de um cômodo em Belford Roxo, bairro da Baixada Fluminense.

Cinco ofícios e um dom
Jorge cresceu protegido, ajudando a mãe a tomar conta dos três irmãos mais novos. Foi educado, fazia direitinho as lições da escola, mas inteirou-se, desde cedo, do significado do que era ser adulto. Aos 10 anos, foi iniciado em seu primeiro ofício: borracheiro. Ganhava pouco, mas o suficiente para ajudar em casa e evitar comprar fiado o pão, a manteiga e o leite de cada dia. E ainda sobrava um para pagar, do próprio bolso, o bilhete do cinema. Estufava o peito e entrava de cabeça erguida no Big ou no Riviera, as duas salas de Belford Roxo.

Aos 13 anos, começou a ir para a porta dos bailes, mas só conseguiu entrar aos 16. Funk era o que não faltava na Baixada. Tinha baile no Las Vegas, na Cohab, no São Vicente, no Marechal Hermes. Jorge se identificava mais com os bailes Charme, um ambiente mais glamuroso, mais família. Quem freqüentava o Charme usava um figurino "super classe", engraxava os sapatos para ir dançar, tinha a gentileza de abrir a porta do carro para as meninas, não tinha problemas com a polícia.

Jorge teve muitas profissões. Além de borracheiro, foi relojoeiro, marceneiro, office-boy, contínuo de banco. Mas, desde garoto, já prestava atenção ao samba e apreciava ver o pai tocar percussão em orquestras de baile de carnaval, de coreto de praça, de parque de diversão. Aos 10 anos, já havia decidido: queria ser músico e cantar. Poder um dia gravar, por exemplo, com Carlos Dafé, um mito de sua infância, que conheceu na casa da tia, mãe do também sambista Dudu Nobre.

Anos sem-teto
Quando o jovem músico já começava a ganhar a vida cantando em bares noturnos da zona norte carioca (muitas vezes imitando o timbre de Renato Russo), aconteceu a tragédia. Vitório, o irmão do meio, foi assassinado em uma chacina na padaria do bairro. A família se desestruturou e Jorge foi para a rua. Vagou durante três anos sem ter onde morar. Mudou de hábitos, adquiriu vícios, perdeu peso, perdeu o sono. Passou noites em vigília, conversando com o medo. Costuma dizer, com o bom humor que lhe é próprio, que a maior lição que tirou das ruas é: "Durante o dia não se avisa duas vezes. Porque está claro".

Nunca perdeu a alegria de cantar. Foi justamente numa noite de gafieira que Jorge foi convidado pelo clarinetista Paulo Moura e por seu sobrinho, Gabriel Moura, a fazer teste de voz para uma peça musical. Não deu outra. Acabou encenando mais de 20 peças com a companhia TUERJ (Teatro da Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e aprendeu vários novos ofícios: expressão corporal, cenografia, iluminação, cenotecnia, produção musical. Ainda conseguiu um canto para dormir e multiplicou amizades: integravam a companhia os atores Anselmo Vasconcellos, Antônio Pedro e Scarlet Moon, entre outros.

O primeiro instrumento
Foi um clarinete, que ganhou de Paulo Moura, aos 20 anos. Mas, afinidade tinha mesmo era com o violão. Estudava sempre com instrumentos de músicos amigos, nos intervalos das apresentações em bares do Méier. Anos depois, conseguiu um violão e uma guitarra, que perdeu em um estúdio de gravação. Diz que perdia tudo por não ter tido nunca um guarda-roupa e não ter o hábito de guardar suas coisas.

Prato cheio de alegria
A experiência teatral foi um trampolim para a criação da banda Farofa Carioca, um prato combinado de samba, jongo, reggae, funk, rap, circo e dança. Participavam dos shows atores, bailarinos, trapezistas, malabaristas. A alegria, o grande tempero. Com os parceiros Gabriel Moura e Bertrand Doussain e os outros cinco integrantes do Farofa, lançou em 1998 o Cd "Moro no Brasil", no Brasil, em Portugal e no Japão. Foi a primeira grande realização profissional, resultado de um trabalho de 10 anos com música, comprovação de um talento. Jorge entrou definitivamente para a comunidade musical e participou dos CDs "Tributo a Tim Maia (1999)", "Casa do Samba 3" (1999), com Beth Carvalho, "A Invasão do Sagaz Homem Fumaça" (2000), do Planet Hemp, entre outros vários CDs independentes. Viajou com o Planet Hemp para o Japão e os Estados Unidos e trabalhou no CD solo de Marcelo D2.

Samba Esporte Fino
Aos 34 anos, Seu Jorge define-se como um cantor e compositor popular, que gosta de inúmeros gêneros musicais, mas cujo fundamento é o samba. "O samba é a nossa verdade, nossa particularidade, é nossa medalha de ouro, nosso baluarte, nosso estandarte brasileiro". Lançou em 2001 o CD solo "Samba Esporte Fino", produzido por Mário Caldato e Seu Jorge, mixado e masterizado em Los Angeles por Mário Caldato. Cheio de ginga, o CD traz samba rock, sambas de partido alto, funk, reggae em faixas como "Chega no Suingue", "Carolina" e a participação do amigo Carlos Dafé no clássico do samba soul brasileiro, "De Alegria Raiou o Dia".

Lançamentos de 2004
Em julho, Seu Jorge lançou o DVD "MTV Apresenta Seu Jorge", com o registro ao vivo do inédito show realizado no Hotel Unique, em São Paulo, em abril, além de making off, entrevistas e clipes.
Em setembro de 2004, lançou o disco "Cru" pelo selo francês Naïve, voltado para o mercado europeu. O clipe da música "Tive Razão" foi rodado em Roma, com participação dos atores Willen Dafoe e Bill Murray. Dirigido pela cineasta Mariana Jorge, o videoclipe está na programação da MTV brasileira e européia.
Músico dos pés à cabeça, cantor, compositor, instrumentista e produtor nato, Seu Jorge também atua no cinema. Compôs para as trilhas sonoras dos longas-metragens "Amores Possíveis", de Sandra Werneck, "A Partilha", de Daniel Filho e "The Life Aquatic with Steve Zissou", de Wes Anderson.
Como ator, participou do espetáculo "Mãe Gentil - Folias Guanabaras", do coreógrafo Ivaldo Bertazzo e do filme "Moro no Brasil", do finlandês Mika Kaurismäki. Com "Cidade de Deus", no papel de Mané Galinha, ganhou reconhecimento internacional.
Em 2003, filmou em Roma o filme "The Life Aquatic with Steve Zissou", dirigido por Wes Anderson. O longa estreou em dezembro de 2004 nos Estados Unidos e chega nos cinemas do Brasil em abril de 2005 (previsão). Em 2005, Seu Jorge estrela o filme "Casa de Areia", de Andrucha Waddington, ao lado de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres.

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